Cheguei no novo país, e agora? Tudo diferente, pesquisei muito antes de vir, mas constato que tem coisas que não estavam nas pesquisas que fiz! Os processos burocráticos são imensos, me dão informações contraditórias e não consigo identificar qual delas é o caminho correto. Um documento depende do outro, mas eles demoram para entregar e aí não consigo dar continuidade. O tempo passa e tudo é muito lento. Ok! Como diz o ditado: “muita calma nesta hora” e eu costumo dizer “muita hora nesta calma”. Precisamos de muitas horas de calma para não ter um xilique. É vero!
Construir a leitura da cultura de modo que você consiga perceber as suas nuances subjetivas é um exercício que mobiliza as emoções que muitas vezes você não consegue nomear os sentimentos de forma clara. Este exercício transita entre conflitos internos para encontrar o equilíbrio, a homeostase fisiológica e psíquica, entre a vivência da cultura internalizada com as diferenças apresentadas pela nova cultura.
Bem … como você já está percebendo, a integração na nova cultura é um processo gradativo, não muito rápido, que depende de vários fatores importantes para caminhar mais tranquilo. Vou te apresentar a seguir alguns destes fatores, não necessariamente em ordem de prioridades, mas sim como tópicos importantes.
- Você precisa se preparar para ter um bom jogo de cintura para “rebolar” melhor diante das diferenças, das dificuldades, dos enfrentamentos inesperados. Ter esta maleabilidade vai ser de grande valia. Se você “enrijece” vai sofrer mais para se “dobrar”. Precisa entender também que cada dia é um dia e você vai fazer esta caminhada passo a passo, não dá para atropelar.
- Você vai viver uma montanha russa de emoções. Elas vão acontecer e se você negá-las vai ser mais difícil para lidar com o dia a dia. É bem importante você entender que elas fazem parte do processo de integração na nova cultura. Ter consciência deste aspecto vai auxiliar você a caminhar melhor nas adaptações.
- Outro fator importante para a integração é você observar o comportamento das pessoas, seus costumes cotidianos, seus valores, como eles se relacionam, se se visitam não, seus cardápios, experimentar as comidas diferentes do lugar. Quanto mais você mergulhar nestas observações mais você vai compreendendo os andamentos e se acostumando com eles. Vão ficando gradativamente aceitáveis e tranquilos porque você vai aprendendo os caminhos da cultura. A compreensão da cultura se dá através da linguagem, dos comportamentos, das atitudes, valores. Quanto antes você fizer estas leituras, mais fácil será a sua integração.
- Se você vai para um país de língua que ainda é desconhecida para você, a primeira coisa que deve faz e procurar um curso para aprender a língua. O ideal seria que você estivesse estudando antes de se mudar. Assim já viria com um vocabulário básico para se comunicar com as pessoas. Mas se não for este o caso, é fundamental uma imersão num curso de línguas. A comunicação é um fator importante no processo de integração na nova cultura.
Como você pode perceber, a transição cultural é um processo gradativo que depende de fatores pessoais, da forma como você lida com os enfrentamentos, da tua persistência para descobrir como se faz, como acontecem as coisas. Enfim, depende da sua maleabilidade para mudar o que é necessário, se ajustar ao novo, olhar com esperança de que um dia as emoções vão se assentar e você estará adaptado.
Sendo assim, a integração na nova cultura vai acontecer quando você compreender os fenômenos subjetivos, as histórias que orientam e ditam os comportamentos, como acontecem os relacionamentos, entender as crenças existentes que apontam valores, rituais e objetos com a simbologia que a cultura utiliza, identificar os“óculos” pelos quais o povo vê a vida, entre outros. Podemos dizer que você pode se considerar integrado à nova cultura quando a desordem interna, tanto emocional, quanto fisiológica e psíquica que aconteceu na sua chegada e primeiros anos de moradia desapareceu. Seu corpo como um todo encontrou o equilíbrio, a homeostase necessária para a sobrevivência no local. E quando falo sobre sobrevivência, me refiro a algo amplo que envolve a inserção na língua, no trabalho, em grupos e relacionamentos, na sua vivência social como um agente atuante naquela sociedade.
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