Seguir a Cristo: irei mesmo?

No domingo cantamos uma música no período do louvor que a letra me impactou: “Seguirei ao meu bom Mestre” do cantor cristão.  (https://www.youtube.com/live/hWnVyLYJn0U) Algumas frases me soaram mais profundas que as palavras cantadas:

se por ele for mandado, a qualquer lugar irei…

… seja meu caminho duro, espinhoso ou inseguro…

… onde me mandar irei…

… males poderão cercar-me…

… onde me mandar irei...”

Ao cantar estas frases, elas me levaram a pensar que muitas vezes não conseguimos alcançar a profundidade do que cantamos ou falamos.

A vida nos traz ver por outra caminhos duros, espinhosos que nos levam a andar inseguros e sem perspectivas. “… onde me mandar irei…” irei mesmo? Irei para um lugar onde ser cristão, falar de Cristo, ter uma Bíblia é passível de perseguição, condenação ou até mesmo de morte? Consigo obedecer a este “eu irei?

Que implicações na minha vida tem este “eu irei?” Eis algumas:

  • separação da família e amigos que ficam para trás,
  • isolamento ere solidão porque preciso ter muitos cuidados e estratégias para viver Cristo naquele lugar.
  • O compartilhar é perigoso, mas necessário, o medo de ser descoberto é constante, as palavras são sempre calculadas e cuidadosas.
  • Há sempre um perigo rondando a porta e a eminência de uma fuga urgente. Eu irei mesmo?
  • Sabendo de todos os riscos que vou correr eu irei mesmo assim?  

Seguir a Cristo nesta perspectiva realmente não é para qualquer um! Acredito que Deus dá uma capacidade extra, divina, uma estrutura emocional e espiritual diferenciada a seus filhos que se embrenham nestes lugares difíceis. Mas, mesmo Deus mandando ir para um lugar onde os riscos são mínimos, o afastamento da terra natal é bastante significativo do ponto de vista emocional.  A separação da família, amigos, igreja não é simples e precisamos lidar com lutos, com as perdas da presença física, das conversas olho no olho, das confidências. Este afastamento nos leva ao campo da solidão, a um mergulho em si mesmo que nos faz olhar de frente para nossas “sombras”. Sentir a solidão, olhar a sua face é desconcertante e para muitos era algo antes inimaginável.


Eu irei mesmo para onde Cristo me enviar? Sabendo que minha vida vai mudar radicalmente? Terei forças suficientes para enfrentar o desconhecido?  Na sequência do culto o pastor aborda o texto de Mateus 16:24-28 onde Jesus explica aos discípulos o que significa segui-lo.

  1. Ele pede que neguemos o nosso eu, para que Ele possa ter a soberania sobre nossa vida. É um processo doloroso, difícil, profundo e sem retorno. Eu preciso morrer para mim mesmo? “Apenas” isto!
  2. Eu preciso morrer com Ele na cruz, preciso entender que o caminho duro, espinhoso, inseguro e cheio de males faz parte da minha morte com Ele. A força é dele e não minha.
  3. Só depois desses dois posicionamentos em experimento a vida dele na minha vida, a eternidade se faz presente e eu consigo segui-lo. A que preço!

Consigo alcançar a profundidade do que é segui-lo? Renúncia atrás de renúncia … não é fácil negar-se a si mesmo num contexto em que o mundo prega a altos brados: EMPODERE-SE! E Cristo me fala: NEGUE-SE! Onde o mundo prega a busca incessante da felicidade e prazer e Cristo fala de morte de cruz e sofrimento! Contradições … Seguirei mesmo a Cristo?

Mesmo você não saindo da terra natal, não enfrentando as dificuldades externas ao teu redor, existe um campo de batalha interno. Um campo de batalha que precisa ser estrategicamente conquistado, vencido, os “inimigos” precisam ser retirados para que se possa tomar posse da terra prometida. Uma terra que mana leite e mel, nutrição para nossa alma, uma terra que do solo verte a água da vida, que gera o fruto do Espírito que provoca metanóia em nosso ser.  

Mas a música continua e termina assim:

“quando terminar a vida

tenho a glória prometida

eu pra meu Senhor irei…”

E assim eu caminharei experimentando a Sua presença e glória enquanto eu viver! A eternidade já se iniciou…


Lea Marcondes

Psicóloga, especialista em Transição Cultural. Ajuda missionários, pastores, líderes e famílias cristãs a se prepararem emocionalmente para uma mudança de país, ajustando o seu chamado e projeto de vida aos novos desafios.
Auxilia para que enfrentem de forma mais saudável as adaptações na nova cultura neste momento tão importante de suas vidas.
Presta consultoria para igrejas e missões na área da educação e ministério infantil.


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