Durante minha trajetória em Ministério Infantil desenvolvi junto com uma equipe coordenada por um pastor uma metodologia de trabalho com as crianças que no início da década de 90 denominamos de Abordagem Relacional. A estrutura da Abordagem Relacional foi sendo delineada nesta época, como ela trabalha, quais são os seus pressupostos, confirmação de aspectos teóricos que a fundamentam e a partir destas definições desenvolvemos o programa de formação de professores. Entre os anos de 1996 e 2002 o curso Desenvolvendo Habilidades na Educação, com cinco módulos, foi ministrado em 8 grupos distintos em Curitiba, em Brasília e São Paulo.
Foram anos de muitas desconstruções e reconstruções, vivências com pessoas de diversas denominações, experiências de vida compartilhadas, restaurações promovidas por Deus durante todo o processo e mudanças significativas no olhar ministerial.
Em 2004 ingressei no mestrado em educação na PUC-Pr, com o objetivo de fazer uma leitura analítica de todo o processo da Abordagem Relacional, analisar os materiais que utilizamos ao longo de 20 anos, analisar o processo do curso e seus resultados. Foi uma experiência intensa, profunda e muito esclarecedora. Nestes dois anos de mestrado pude confirmar através dos estudos, quais as fundamentações teóricas da Abordagem Relacional, seus pressupostos, visão de educação, como acontece o processo ensino/aprendizagem. Quero compartilhar com você neste texto alguns tópicos importantes da Abordagem Relacional. São assuntos que foram definidos teoricamente e fundamentam a visão do ensino da Abordagem Relacional.
A Abordagem Relacional trabalha intencionalmente com o ensino de valores e princípios bíblicos objetivando desenvolver um indivíduo reflexivo, crítico e autônomo de forma que estes aspectos corroborem com a formação do seu caráter e transformação de sua vida. A Bíblia, portanto, é o principal fundamento e orientador da Abordagem Relacional, pois segundo Paulo (Bíblia Sagrada, 2001)
Para a Abordagem Relacional os recursos pedagógicos, métodos, técnicas, ambiente são apenas ferramentas, pois as pessoas envolvidas no processo do ensino/aprendizagem são mais importantes. A Abordagem Relacional prioriza as relações no processo de aprendizagem:
- Relação pessoal do educador e do educando com Deus;
- Relação pessoal entre o educando e o educador;
- Relação pessoal do educando e educador com seus colegas, família, amigos;
- Relação do educando e educador com o assunto apresentado e com a vida de cada um deles à luz dos princípios bíblicos.
A Abordagem Relacional entende:
- Por relação todo o relacionamento que o indivíduo desenvolve com pessoas, ideias, princípios e conceitos nas mais diversas situações;
- Por relação pessoal com Deus a Abordagem Relacional entende que esta acontece por meio de uma escolha consciente e livre do indivíduo após compreender a proposta de Deus para si, conforme apresentada pela Bíblia, e a assume como norteadora de sua vida;
- Por relação com pessoas entende que é a interdependência entre os indivíduos; uma conexão profunda, sincera e aberta com o coração e a alma das pessoas, o “despertar o que está vivo e forte dentro de nós para estimular o que há de bom nos outros” (Crabb, L. 1999);
- Por relação com assuntos, princípios ou conceitos, a Abordagem Relacional entende que é a apreensão destes aspectos vistos sob o prisma do referencial bíblico e a sua integração com a vida do aprendiz, seja ele educando ou educador, com a consequente aplicação prática nos campos cognitivo, afetivo e psicomotor.
Na Abordagem Relacional as aprendizagens se desenrolam nos campos do pensar (cognição), do sentir (afetividade) e do agir (psicomotricidade) promovendo a circulação do conhecimento nas três áreas a partir das relações intra e interpessoais de modo que haja uma integração coerente dos conceitos apresentados.
Referências Bibliográficas
- Crabb, L Conexões, 1999
- MARCONDES, Lea Rocha Lima e, A formação de professores em educação cristã: uma leitura a partir da experiência com a Abordagem Relacional, dissertação de mestrado em educação, PUC-Pr, p.145, Curitiba, 2005.
Gostou desse conteúdo? Compartilhe o link com os seus contatos, grupos e redes sociais para convidar mais gente a conhecer esse material.
Tem alguma dúvida ou experiência nesse assunto? Comente abaixo e ajude a melhorar a nossa experiência juntos. Você também pode me procurar em particular para conversarmos sobre isso.